Saiba quando o suor excessivo é considerado doença

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Levantar os braços para dar um abraço ou estender as mãos para um cumprimento são atitudes simples que praticamos sem pensar. Mas para quem transpira demais, essas circunstâncias causam embaraço, e podem até comprometer a vida social e profissional. Segundo os especialistas, higiene adequada, roupas leves, desodorantes de boa procedência e camisetas debaixo das roupas são estratégias que minimizam o problema, mas nem sempre são eficazes. Quando o suor é excessivo, o indicado é cirurgia.

O empresário Vicente de Luca conta que transpira muito, e seu ponto fraco são os pés. Porém, a situação mais desagradável que vivenciou teve como causa uma roupa inadequada que usou numa festa. “A temperatura ambiente era elevada, e após a primeira taça de vinho, comecei a suar nas pernas e nos glúteos. A calça era bege e feita de um tecido fino. As manchas de suor eram facilmente notadas. Olhando de longe, parecia bebida derramada. Eu não podia me movimentar, nem sentar, pois corria o risco de molhá-la ainda mais. Constrangido, resolvi ir embora”.

Já a estudante de publicidade Tânia Zaidan diz que seu drama são as famosas ‘pizzinhas’, as marcas de suor deixadas pelas axilas. “Suar demais me incomoda porque não posso usar roupas coloridas: a transpiração é logo percebida. Por isso, sou obrigada a usar preto ou branco, mas isso nem sempre funciona. Dependendo do tecido, essas cores também revelam manchas do mix desodorante/suor. No verão, a saída é usar camisetas cavadas que deixam as axilas longe da roupa. No final, fui aprendendo a conviver com o problema”.

Apesar desses inconvenientes, transpirar é fundamental para o controle da temperatura interna do organismo. “Quando ela aumenta, mecanismos cerebrais estimulam a perspiração para que a água evapore e alivie a sensação de calor”, explica o professor de Cirurgia Torácica José Ribas Milanez de Campos, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e médico do Hospital Israelita Albert Einstein. “O fenômeno é involuntário e determinado pelo sistema nervoso autônomo, o mesmo que controla os batimentos cardíacos e os ritmos da respiração”, diz.

Hiperidrose

Mas quanto suor é considerado excessivo? Coelho fala que existem escalas próprias (sudorímetros) de medição, mas elas somente são utilizadas em pesquisas científicas. “Assim, o maior observador é o próprio indivíduo. É ele que identificará as áreas mais afetadas”.

Segundo o especialista, Vicente e Tânia fazem parte dos 1% a 2,5% da população que têm sudorese excessiva, também conhecida como hiperidrose. “As partes do corpo mais afetadas são as mãos (hiperidrose palmar), os pés (hiperidrose plantar) e axilas (hiperidrose axilar), e ela ainda pode se manifestar na face e no couro cabeludo (hiperidrose crânio-facial)”.

As causas para esses excessos são desconhecidas, mas sabe-se que a quantidade da transpiração é uma característica individual ligada a condições como temperatura e umidade externas, atividade física, fatores psicológicos, genética, além do consumo de álcool, cafeína, drogas ilícitas ou medicamentos.

Gabriela Casabona, dermatologista do Hospital Samaritano de São Paulo, aponta o metabolismo acelerado como outro fator desencadeante, pois uma de suas características é o aumento da temperatura corporal. Além disso, “doenças específicas como obesidade, menopausa, alterações endócrinas ou neurológicas (disfunções do sistema nervoso), também podem ter o excesso de suor como sintoma”, completa.

Glândulas e Odores

Não bastassem os problemas estéticos e sociais, as glândulas sudoríparas envolvidas no processo (écrinas e apócrinas), podem trazer mais incômodos: a bromidrose, isto é, o odor desagradável. As primeiras, são responsáveis pelo suor fluído, em geral inodoro e de distribuição mais generalizada. As segundas surgem após a puberdade e se restringem às axilas, regiões periumbelical, anogenital, perimamilar, prepúcio e escroto, e produzem uma secreção de aspecto leitoso, sem odor ou de odor suave.

“O cheiro das regiões axilares são mais evidentes por causa da flora bacteriana local, que associa bactérias e fungos ao suor”, fala o médico Marlos de Souza Coelho, professor titular de cirurgia e chefe de cirurgia torácica e endoscopia respiratória da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Nós pés, há ainda a umidade, que pode ser muito incômoda e de difícil controle”.

Casabona acrescenta que esse odor característico é também o resultado da composição química do suor. “Formado por 99% de água, nele também encontramos alguns sais minerais, cloreto de sódio, e substâncias tóxicas como a ureia que, apesar da pequena quantidade, é responsável pelo cheiro desagradável”.

Esta matéria contou com a colaboração da Dra Gabriela Casabona.

Link:  http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2010/07/22/saiba-quando-o-suor-excessivo-e-considerado-doenca.htm

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